quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Ausência

Pedir desculpas, seria muito simples, muito fácil. O fato é que durante os últimos meses não tenho sido uma verdadeira e digna mãe e irmã. Justamente, nessa fase passada, em que as angústias e as dúvidas eram o que mais permeava os dias e as noites das Pagus. Confesso que por vezes minha maior vontade era largar tudo aquilo em que eu estava envolvida e voltar a ser a velha mamãe mala que passava a tarde nas escadas do CCH jogando papo pro ar com as melhores companheiras de jornada que se pode ter. Por muitas vezes também, meu coração doeu por ver vocês, amigas Pagus, ligarem para ao menos saber como estava a minha vida atribulada e eu me perguntava o porquê de eu não ter agido assim em muitas situações. Chegou a última etapa pra todas vocês, e eu agradeço por ter pelo menos participado da demonstração do sucesso de todas. Desculpas à minha mana Lívia (mais uma vez a labuta me atrapalhou e me fez ausente) e à minha filhota Ju por não ter encontrado tempo pra me despedir de você na viagem à Brasília, à minha Patinha por não ter ido verificar o data show, e a Carolinus por não ter ido na impressão da mono. O que eu realmente queria dizer é que as amo tanto que é difícil encontrar uma forma mais extravagante do que meus gritos, abraços apertados, minhas ligações inesperadas, meus recados com EU TE AMO. Vocês são maravilhosas, e eu me sinto muito pequena diante de tanto amor, tanta lealdade, tanta amizade. Agora chegou a minha vez! E por mais que minhas atitudes passadas me façam não merecer o apoio de vocês, agora é a hora dele, e eu preciso dele, preciso mesmo! Obrigada por tudo!

Amo-as infinitamente!
Andréia Dellano

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Exag-eros

Antes de iniciar o meu texto, quero avisar-lhes que tudo o que está aqui escrito é muito passional. E de outra forma não poderia ser. Falar de Brenna é falar de exageros. Só ela consegue transformar a morte de Michael Jackson num sentimento de culpa, pois a pata, enquanto o cantor era vivo não deu atenção suficiente a ele. Resultado? Dias e dias de louvor ao grande ídolo da música pop. E com o louvor, o lamento. "Ai, eu não dei atenção suficiente a ele, tou me sentindo culpada". Nós, amigas, tivemos de suportar a angústia da pata. Aliás, angútia é o que não falta da vida dela. Somente esta criatura consegue reclamar o fato de não ter um namorado. Para que um namorado, Brenna? Você é tão linda, inteligente, charmosa e meiga. "Cavalga elegância, da mesma forma que o signo que a rege, o sagitário." Seria pedir demais que um paspalho (visto que a maioria dos homens o são) tenha exclusividade de você, querida. Tu sofres do mal de Don Juan, tu buscas o amor ideal. Na verdade, acho que tua busca é pelo sentimento amoroso e não alguém em específico. Acho que é por isso que te apaixonas com tanta voracidade, com tanto exag-eros. Outro sentimento muito presente no jeito Brenna de ser é a amizade leal. Se ela é sua amiga, pode ter certeza que ela é capaz de brigar por você. Se alguém te faz algum mal, esse alguém faz parte da lista negra, porque essa pata é tão fiel que sente suas dores, que chora junto com você. É bem verdade que ela é irônica, pois quando achamos que ela nos apoiará em certas decisões, ela condena. E quando juramos receber a martelada cruel, ela nos apoia. Vai lá entender, né? Assim fica muito difícil, difícil mesmo. Outra coisa que me senti desafiada a escrever diz respeito aos outros textos, pois em todos os aniversários homenageei minhas amigas. Mas, isso eu preciso destacar, os outros foram mais fáceis de escrever. Carolina possui o nome mais cantado e encantado do cancioneiro popular brasileiro. Andréia é uma malinha. E a mala representa aquilo que podemos guardar, recordar e acumular. Lívia se destaca pelo seu segundo nome, Maria. E Brenna? Bem, não me interpretem mal, queridas amigas (nem fiquem com ciúmes, mas eu preciso terminar esse texto aqui). Brenna pode não ser cantada em canções, pode ter um nome estranho e esquisito à primeira vista, mas ela é a única pessoa que é pata, que é linda, que é amiga e que é leal. Ela consegue me irritar e em cinco minutos depois ela me diz que não guarda ódio ou rancor. O melhor de tudo é que ela é minha alma gêmea, ela me completa. E ainda faz outras meninas felizes só pelo fato de existir. Obrigada por fazer parte de nossa vida, Pagu caçulinha. Feliz Aniversário.


Por Juliana Belo, a egoísta que inventou uma viagem justamente no momento que ela mais precisou. Logo quando tudo era escuridão e trevas.


[dedicado a Brenna Lima. Desculpa por não escrever antes, você sabe que estava impedida. Esse ano foi o primeiro aniversário longe, não te dei presente. Em outras palavras: sou uma pior. Mas eu te amo, isso não vai mudar.



sábado, 31 de outubro de 2009

IN-VERSOS

Hoje acordei e resolvi rasgar as cartas de amor nunca escritas. "Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas"*. Joguei fora o presente nunca embrulhado. Abri a caixa de Pandora e me restou somente a esperança, a última praga lançada à condição humana, esperar. Me limpei do suor nunca sentido, do cheiro nunca transpirado. Ai, o perfume inebriante adocicado. Senti ao sussurrar-te nos ouvidos o meu canto de paixão. Tirei o peso do teu corpo daquela dança nunca acabada. Tua mão me enlaçando me fez voar sem tirar os pés do chão. Naquele instante éramos os únicos ali. O maldito beijo não dado. Toquei de leve os teus lábios e senti jorrar pecado deles. Quando os mordi, voltei aos meus antepassados, pois Adão e Eva também erraram ao morderem um fruto proibido. Tentei acertar e errei. Ao errar, acertei. Sinto saudades daquilo que nem cheguei a sentir. O que senti não me traz saudades. Nos meus sonhos sempre estamos correndo e buscando algo. Nunca escolhemos as portas certas, nem as mesmas portas. Mas ontem, entramos no mesmo labirinto e lá nos perdemos. Quando vamos sair ou nos achar? Não sei. Mas sempre somos a seta que busca o alvo, a caça que foge do caçador, a estrada que sempre encontra curvas. Um dia esses caminhos irão se cruzar. Não por agora, é claro.



[dedicado a ELE, o moço e o muso. É sempre bom te encontrar]




Por Juliana Belo
*Cartas de amor, de Álvaro de Campos

domingo, 25 de outubro de 2009

De repente, 1 ano!

Pois é, o tempo passou!... Esse blog que vos fala completou um ano mês passado; dia 24 de setembro, pra ser mais exata. Ao longo desse ano, vocês acompanharam boa parte dos acontecimentos de nossas vidas. Quando digo “nós” me refiro as cinco Pagus – as cinco garotas que juntaram a fome com a vontade de comer. Então, como parte das “festividades”, fui praticamente intimada a escrever este texto de comemoração: fato! Mas escrever para o De repente é sempre um prazer; às vezes um prazer carregado de subjetividade, e que por isso mesmo o torna maior. Assim...

Pensei em relembrar todos os momentos pelos quais o De repente passou, e isso significaria contar a história de cada uma das escritoras desse blog e suas peripécias durante esse 1 ano. No entanto, não podemos esquecer que a “mentora” de nós todas é Patrícia Galvão (Pagu): poetisa, revolucionária, esposa, mãe, artista, mulher. Entendemos que DE REPENTE, PAGU! é tudo isso. É a exclamação no fim da frase, é uma conversa sobre sei lá o que no meio da aula, é o sentir de modo diferente. O inesperado.

Foi com o intuito de compartilhar nossos textos mais escondidos, nossas experiências mais enriquecedoras, nossas paixões, amores e desamores que esse blog se fundou, porque nosso lema sempre foi escrever sobre tudo – de trabalhos acadêmicos á poesia da imagem. Tanto que, vocês leitores e amigos do De repente, acompanharam de perto nossas mudanças e nosso fluxo textual. É verdade que, outrora, nossa produção foi bem maior, mas é como já relatei tempos atrás: nossas vidas ficaram bastante atribuladas e, algumas de nós, não estão podendo postar seus textos como era costume. Todavia, isso não quer dizer que paramos de produzir; pelo contrário! O que falta é “tempo” para postar as novidades.

De forma despojada, mas ao mesmo tempo preocupada com o conteúdo é que se faz a escrita do Pagu – como é chamado pelos mais íntimos. Não pense você, minha cara leitora, que esse blog é lido apenas por garotas! Não, não. Nossos maiores incentivadores são homens: os que passaram por nossas vidas, os que são amigos e os que vêm dar aquela espiadinha e acabam ficando. Sim, acreditem! Também a mudança é bem vinda. Assim nos infiltramos no mundo dos caça-talentos e, caso você queira dividir suas produções com o mundo, nos comunique; estamos sempre dispostas a enriquecer o Pagu e a conhecer (ou reconhecer) esses novos (e às vezes nem tão novos) talentos. Todos serão apreciados!

O De repente, Pagu! se orgulha em ter partilhado com você aí do outro lado da tela – do outro lado do mundo ou do outro lado do muro – esse 1 ano. Foram muitas as mudanças; algumas delas a olhos vistos, outras nem tanto. Mas aos poucos nós, juntamente às opiniões de vocês, faremos muito mais. Podem esperar, porque vem coisa boa pela frente! Afinal já mexemos e remexemos com a inquisição, morremos na fogueira e aprendemos o que é ser carvão. Somos pau pra toda obra e Deus dá asas a nossa cobra. Mas vá com calma, pois nossa força não é bruta, não somos freiras e nem putas!... Rainhas do tanque?! Talvez. Pagus indignadas no palanque, sempre. Temos fama de porra-louca, tudo bem! Também somos filhas de alguma Maria ninguém. É claro que às vezes parece o contrário, mas não somos atrizes, modelos ou dançarinas, e de fato o nosso buraco é mais em cima! “Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda, meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem”*.


Por Lívia de Oliveira

P.S.: parabéns para nós!!!! \o/

* Releitura da música Pagu composta por Rita Lee e Zélia Duncan, interpretada por Maria Rita.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Grande Pequena

Tenho certeza que tu nasceste no dia das crianças para ganhar brinquedo todos os anos, pois parece que não cresceste justamente para confirmar o meu argumento. Outro ponto curioso sobre teu nascimento é que tu vieste ao mundo justamente no dia de Nossa Senhora Aparecida, então foste mais abençoada ainda. Para quem foi nomeada de Lívia Maria, não é o primeiro nome que se destaca, apesar de a chamarmos a maioria das vezes assim. Só quem tem no nome a expressão da grande mãe sabe a responsabilidade de ser Maria, pois como Elis Regina, ao interpretar o Milton Nascimento cantava: "Maria, Maria é o dom/ uma certa magia/Uma força que nos alerta/Uma mulher que merece/Viver e amar/Como outra qualquer/Do planeta". E todos nós sabemos o quanto essa Maria sabe amar, pois várias vezes eu e muitos leitores esperávamos ansiosos os textos que nos faziam suspirar e refletir sobre este que é o mais doloroso e mais difícil sentimento, o amor. Ai... "*Nada nesta vida é mais difícil que o amor ". Mas nem só de amores essa moça vive, pois quem nasce sob o signo de libra tem a marca do luxo, do brilho e da noite. Quantas vezes não vimos o belo rosto maquiado dessa moça em festas ou o jeito charmoso de dançar todos os ritmos e o sorriso enorme de quem simplesmente tenta se divertir, pois a vida é muito cruel para vivermos, mas mesmo assim, vimemos. "Mas é preciso ter força/É preciso ter raça/É preciso ter gana sempre/Quem traz no corpo a marca/Maria, Maria/Mistura a dor e a alegria". Quantas vezes na pior da situações não ouvimos o mantra dela: "calma, tudo vai dar certo, fica tranquila, minha filha". Essa Lívia é mesmo a Maria cantada pelos Mil-tons. Ela possui a estranha mania de ter fé na vida....

Por Juliana Belo, mais uma vez representando o De repente, Pagu. Por nós quatro que amamos-te sempre.

Notas:
os trechos sobre Maria são da famosa canção de Milton Nascimento interpretada por Elis: Maria, Maria
*trecho de O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Márquez
Lica, foi mal não ter ido à comemoração, mas você sabe que as forças ocultas não me deixaram ir. O texto é apenas um presentinho

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

AMÉRICA


AME AMÉRICA
RICA AMÉRICA
AME RICA
AMÉRICA RICA
AME
RICA
AMÉRICA
MERRECA




Por Juliana Belo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

SALVA-DOR




[Porque lá eu (des)cobri a (in)felicidade




por Juliana Belo

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Resumindo-me

Estou:


a POEmizar
a Gast(ar)(ÓN)mizar
a fluTUANtizar
a me encontrar

terça-feira, 15 de setembro de 2009

POÉTICA

DE VERSOS,
EU VERSO
DIVERSOS
VERSOS
CONVERSO
COM VERSOS.




por Juliana Belo

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pagu interrogativa


Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Coisas que ela jamais pensara ocorrer... Ei, mas espera aí: se esse é um texto sobre o que se passa na vida dessa Pagu que vos fala, por que escrever em 3ª pessoa?...Já sei, é arriscar demais!

Ouvi o quê, enquanto AMIGAS,
Não podiam mais me esconder
Pernas bambas
CORAÇÃO na boca
Nada mais

O que VOCÊ vai fazer?
Não sei
O que EU vou fazer?
Não sei
Preciso PENSAR, me ORGANIZAR

Usei OUTRO tom
ELE não entendeu
Contei que já sabia [de tudo]
Ele não respondeu
SILÊNCIO!

Dele ainda espero uma explicação, embora não tenha a intenção de continuar ou terminar... Optei por COMEÇAR: arrisquei!
Se for ou não VERDADE, já nem tem importância. Sou LIVRE e quero PERMANECER assim por muito tempo. Fazendo TROCAS, PROVOCANDO sensações, AJUDANDO quem precisar, mesmo que essa ajuda seja para o meu próprio EU.
Egoísta, atrevida, cara-de-pau, PAGU! Não esperem resposta: sou um ponto de INTERROGAÇÃO.


Lívia de Oliveira


P.S: seriam tantas as notas que é melhor nem começar a listar, só quero agradecer a cobrança da minha amiga Brenna. Sem ela esse texto não teria saído, não desmerecendo as outras, mas é que essa Patinha me fez reparar uma novidade: mesmo na dor eu não escrevi, e olha que meus melhores textos saíram daqueles momentos desolé! Mas, como a vida é cheia de surpresas... “eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche!”, Lobão.

domingo, 23 de agosto de 2009

A mala

Foste destinada a ser nossa mãe. Dentre todas as integrantes do grupo, sempre te preocupaste com nossa saúde e nosso bem-estar. Por este motivo, te apelidamos de mamãe-mala. E todos nós sabemos o quanto mãe é chata, né? Porém, agora recorro a uma obra literária para demonstrar que nem sempre a mala possui conotação negativa. Ao escrever minha monografia, li o romance Terra Sonâmbula, do moçambicano Mia Couto e nele tem um episódio que despertou minha atenção: dois refugiados encontram numa mala dois alimentos que são espiritual e biológico. O que quero deixar claro nessa minha pequena homenagem é que esta querida amiga que chamamos carinhosamente de mamãe-mala nos reservou e ainda reserva muitos alimentos. É nessa mala que temos abrigada uma amizade que nos alegra, nos eleva e nos dá conforto, que é o mesmo proporcionado por uma mãe. Neste dia tão especial que é o teu aniversário, te desejamos tudo de bom, querida amiga. E esperamos mesmo que nesta mala possam caber ainda muitas coisas maravilhosas. Torcemos que nela sejam guardadas muitas lembranças, muita amizade e lealdade. E que esta mala nunca fique cheia e nem feche, pois sempre haverá coisas boas a serem colocadas nela.




Por Juliana Belo, representando o De repente, Pagu.
[dedicado a nossa mamãe Andréia Dellano.Amamos-te, como sempre]

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Carta aos leitores do De repente, Pagu!

Informamos aos amigos, leitores e a quem mais interessar que as Pagus estão passando por um momento de intensas descobertas e revelações, por isso não estão produzindo tanto quanto gostariam.
Sabemos que nosso blog é bastante visitado, por isso, por favor, não se aborreçam; não pensem que é falta de compromisso nossa “ausência momentânea”. Uma parte de nosso grupo (a maioria) está encerrando mais uma etapa: a graduação no curso de Licenciatura em Letras.
Período passado Juliana enfrentou os mesmos obstáculos que hoje eu (Lívia), Brenna, Carolina e Andréia estamos a superar, com o agravante de também estar no estágio. É, aquele mesmo proposto pelo currículo da universidade, sabe?! Tudo bem que ela é uma puta de uma cabeçuda que deu conta das duas coisas e ainda se preocupava com o blog... mas devo ressaltar que a monografia dela (trabalho de conclusão de curso) estava engatilhada há muuuiiiito tempo em virtude do grupo de estudos que ela sempre participou e, também, pelo fato de já tê-la iniciado um período anterior ao de sua defesa, isto é, ela começou a escrever em 2008.2, terminou e defendeu em 2009.1 (os amigos universitários entendem os números,né?!).
Diferente de muitos blogs por aí, o nosso foi construído com o objetivo de compartilhar experiências. Não fazemos questão de abordar um assunto só (ou um só assunto!). Publicamos trabalhos que já nos renderam boas notas e bons comentários dentro e fora da academia. Poesias, crônicas, dicas do mundo das artes, pontos de vista... uma infinidade de coisas. Às vezes somos críticas demais (dentro do próprio grupo); brutas com quem não nos entendem; sinceras dentro da ficção; exageradas SIM, e daí?!... necessitamos do calor que só é alcançado com a experiência na pele nua. É meus caros, as Pagus têm uma vida além blog! E por se tratar de um canal feito por “professorinhas”, precisamos falar para que todos possam nos compreender, por isso uma gíria aqui, uma oralidade transcrita ali... fazemos uso do que aprendemos em sala. Acredite!
Esclarecido isso, deixo aqui nossas sinceras desculpas, mas prometemos produzir muito mais depois que tudo isso passar!
Beijos e até já!

Lívia de Oliveira

P.S.: Juliana, Carolina e Brenna estão trabalhando, assim como Andréia já faz há quase um ano. Eu não sou “vagal”, sou filha única! E por motivos vários, estou empenhada somente na monografia. ;D

domingo, 9 de agosto de 2009

Memórias, Crônicas e Declarações de Amor*

Quero ter-te. Meu corpo clama, chama e inflama pelo Teu. Incomoda-me a indefinição de tudo o que sinto. “Se pudesse te dizer aquilo que nunca te direi tu terias que me explicar aquilo que nem eu mesmo sei**. Sei que não é amor puro tal como Orfeu e Eurídice, pois tens gosto de fruta mordida”. O veneno que penetrou meu corpo paralisou-me da mesma forma ocorrida àquela cujo tom de pele assemelha-se à neve. “Quero-te com voracidade”. Adoro quando me chamas de moça, de menina. Pela primeira vez percebi o quanto é bom se sentir criança. “Adoro provocar-te. Então imagino-nus. Sou tua Ofélia. Quero (en)cantar-te em versos e canções.” És meu mouro e sou tua Desdêmona. Não. Não me sufocaste com ciúmes doentios. Fui sufocada com tua presença”. Até o que não me agrada em ti me enlouquece. Não suporto tua prudência. Tua cautela em respostas curtas tem efeito longo. Odeio teu aspecto pensativo e reflexivo. “Não quero pensar, quero sentir. Ai, a maldita dialética pessoana. Penso sentindo, sinto pensando. Não! Entre sentir e pensar escolho sentir. Mas não posso ficar sem ti”.


[dedicado a ELE, o moço. Aquele que não posso ter]

Notas:
*Sim, está relacionado ao cd de Marisa Monte. E tudo mais que há nele e não está aqui
** Quadras ao gosto popular, de Fernando Pessoa


Por Juliana Belo

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O caso D. Juan

Carlos no entanto, fumando preguiçosamente, continuava a falar na Gouvarinho e nessa brusca saciedade que o invadira, mal trocara com ela três palavras numa sala. E não era a primeira vez que tinha destes falsos arranques de desejo, vindo quasi com as formas do amor, ameaçando absorver, pelo menos por algum tempo, todo o seu ser, e resolvendo-se em tédio, em «seca». Eram como os fogachos de pólvora sobre uma pedra; uma fagulha ateia-os, num momento tornam-se chama veemente que parece que vai consumir o Universo, e por fim fazem apenas um rastro negro que suja a pedra. Seria o seu um desses corações de fraco, moles e flácidas, que não podem conservar um sentimento, o deixam fugir, escoar-se pelas malhas laças do tecido reles?

- Sou um ressequido! disse ele sorrindo. Sou um impotente de sentimento, como Satanás... Segundo os padres da igreja, a grande tortura de Satanás é que não pode amar...

- Que frases essas, menino! murmurou Ega.

(...)
Depois vindo plantar-se diante de Carlos, de monóculo no olho:

- Tu és extraordinário, menino!... Mas o teu caso é simples, é o caso de D. Juan. D. Juan também tinha essas alternações de chama e cinza. Andava á busca do seu ideal, da sua mulher, procurando-a principalmente, como de justiça, entre as mulheres dos outros. E après avoir couché, declarava que se tinha enganado, que não era aquela. Pedia desculpa e retirava-se. Em Espanha experimentou assim mil e três. Tu és simplesmente, como ele, um devasso; e hás-de vir a acabar desgraçadamente como ele, numa tragédia infernal!

Esvaziou outro copo de Champagne, e a grandes passadas pela sala:

- Carlinhos da minha alma, é inútil que ninguém ande à busca da sua mulher. Ela virá. Cada um tem a sua mulher, e necessariamente tem de a encontrar. Tu estás aqui, na Cruz dos Quatro Caminhos, ela está talvez em Pekin: mas tu, aí a raspar o meu reps com o verniz dos sapatos, e ela a orar no templo de Confúcio, estais ambos insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, marchando um para o outro!... Estou eloquentíssimo hoje, e temos dito coisas idiotas. Toca a vestir. E, em quanto eu adorno a carcassa, prepara mais frases sobre Satanás!

(Trecho de Os Maias - Eça de Queirós)
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Por Brenna, A Pata

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Queridas Amigas


No último dia vinte deste mês foi comemorado o dia internacional da amizade, todos sabem, acredito. No entanto, neste ano pude perceber o quanto certas pessoas são importantes em nossa existência. Afirmo isso, pois nessa mesma data presenciei o ápice do meu momento acadêmico que foi a colação de grau. Neste episódio senti a falta de três grandes amigas que estavam em Niterói. Não senti falta apenas da presença, mas também de compartilhar tudo o que se passava em minha mente. Não quero desprezar a importância das minhas queridas Andréia, Liviane, Ana Paula e Giselle. Quero apenas destacar o quanto essas meninas são importantes na minha vida. Outro fator me fez valorizar ainda mais a presença de amigos, pois convidei outras duas grandes amigas a este momento e infelizmente elas não compareceram. O que quero deixar destacado é que eu sei que nossas vidas vão ter rumos diferentes e que às vezes esses momentos não poderão ser compartilhados por todas nós. Sei que alguém vai se casar primeiro, formar família e que nem sempre será possível sair à noite, consolar um choro ou ficar de bobeira. Talvez alguém vá embora, morar em outro estado. Quem sabe até outro país, não? Também compreendo que vão existir momentos que vamos nos odiar, xingar e desconfiar da amizade de uma ou outra. Porém, o que nos deixa unidas até hoje é o nosso verdadeiro sentimento de amizade, lealdade e confiança. Não estivemos juntas em presença física. Mas dedico o grande momento de minha vida a vocês, queridas amigas. Amo-as.


[texto dedicado a Andréia, Brenna, Carol e Lívia. Desculpa por não escrever no dia da amizade, mas o texto saiu.]



Por Juliana Belo

sábado, 11 de julho de 2009

O pato e a palavra


Um dia eu ouvi atrás da porta, e entre as tantas conversas que interceptei, guardei uma que me chamou mais atenção. Tratava-se das coisas remosas. Daí surgiu a pergunta: o que é remoso?
Depois de ouvir uma receita inteira de pato ao molho pardo, sem sangue, como enfatizou uma das partes, já que a conversa ocorrera entre minha mãe e a vizinha do 102 – entendi que aquilo era só comida. Mas... será mesmo?!? Continuei em dúvida.
No fim, minha mãe explicou: o que sai da boca é que é remoso; esse pato é apenas alimento, depois que passa pelo aparelho digestivo vira cocô e vai parar na privada, mas o que sai da sua boca não. As palavras vêm do coração e quando são ditas com ódio, raiva ou qualquer coisa desse tipo fazem mal a você e a quem ouve. Machucam, por isso são remosas.
Com um “é mesmo” de espanto e concordância por parte da vizinha, a história se encerrou e outra ganhou pauta. Remosa ou não, a conversa das duas continuou por mais meia hora, até que se despediram e eu voltei ao meu mundo, como se nada tivesse acontecido.


Por Lívia de Oliveira

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Estágio




Experiência que não tem palavras para descrever o quanto isso foi bom e gratificante.



Por Brenna, a pata e Juliana Belo

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Encontro Marcado

Como ela havia previsto, encontraram-se. E ficaram calados à espera de um gesto, uma palavra, uma atitude. Pareciam os únicos seres no planeta. Ao se olharem, ele percebera que havia fogos de artifício atrás dela, o que contrastava com a alvidez e a maciez daquela pele. Do outro lado, o que ela viu dava ainda mais brilho ao tom ébano, pois à noite, as estrelas só confirmavam o que já estava claro. Desta forma, os dois tinham a certeza que este era o encontro ideal. Estavam mesmo sozinhos no mundo. Nada mais importava a eles. Após os segundos mais longos de ambas existências, ela decidira entregar-se a este Deus que carrega consigo mistério, sensualidade e cujas tranças laçaram-na no reino da fantasia e do desejo "no seu corpo me embalo, me embolo". Em meio a tantos pensamentos e sensações, ele realmente fora o responsável pela inexistência de Eolo "a única coisa que sei é que o ar me falta". Ela sorria de olhos fechados, pois seu presente finalmente havia sido dado. "queria muito poder te presentear".Em forma de agradecimento, ela ofereceu-lhe o mais doce dos chocolates. Contudo, já não desejavam mais sublimar o que dantes era proibido. Desta vez brincaram, lambuzaram, gozaram de felicidade e de prazer. "me ama, me chama, me inflama. Sou tua ama, tua cama, tua dama". Ao amanhecer, ela acordou e levantou o canto esquerdo da boca (num sorriso lamentoso e angustiado), como sempre fizera ao sair do mundo dos sonhos.



Por Juliana Belo



[dedicado a ELE, meu muso]

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Diário do pensador sem fronteiras


Depois de um longo período afastadas, ou melhor, retiradas para repensar e refazer nossos pensamentos e divagações, o De repente, Pagu volta a postar textos. Infelizmente ou felizmente, não sei ao certo, o texto não é nosso. Todavia, é uma produção bem-humorada e interessante de um grande escritor, o Millor Fernandes. Trata-se de uma reflexão e uma brincadeira com as frases mais famosas de certos pensadores e ditados populares. Quem nunca disse uma delas está mentindo, é claro. Espero que todos gostem.

"O coração tem razões que a razão desconhece." Tudo bem, doutor Pascal, mas não se esqueça que a razão tem emoções de que o coração nem suspeita.
"O inferno são os outros." Sartre dizia isso, com sua habitual falta de autocrítica. Mais racional, completo: "Certo, messiê, mas falta dizer: "O céu também".
"Ouço a toda hora pobre e rico, preto e branco, brilhante e medíocre repetindo: "Da morte ninguém escapa!"
Mentira. Da morte todo mundo escapa. O morto nunca sabe que está morto. Quem tem medo da morte e faz essas frases está bem vivo. Da vida é que ninguém escapa.
"Não confie em ninguém com mais de trinta anos", slogavam os hippies . Mas eu me pergunto: "Por que confiar em dimenor?"
"Arte é coisa mental", explicava Da Vinci, mas como se explica tanto idiota pintando, compondo e tocando?
"Só sei que nada sei." Sempre me parece frase dita por um corno manso.
"Penso, logo existo." É frase de moribundo.
"À noite, todos os gatos são pardos." Depois do sucesso dessa negada aí do timbalada, as meninas tão dando pra turma, adoidadas. E murmuram: "À noite todos os pardos são gatos".


Postado por Juliana Belo

Nota: texto publicado originalmente na Revista Veja, edição 2110-n°17. 29 de abril de 2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Minha Cara, Carolinda


Nasceste aos seis de maio sob o signo de Touro. És possuidora de uma incrível beleza que atraiu e ainda atrai admiradores. “Carolina é uma menina bem difícil de esquecer
Andar bonito e um brilho no olhar (...) Menina Bela, Menina Bela
Maravilha de menina” * Tua feminilidade tem o mesmo poder de atração que o magnetismo dos ímãs, pois o lugar que pisas,assume o tom cor-de-rosa, fica mais bonito, fica mais carolinizado. “Eu já convidei para dançar, é hora, já sei, de aproveitar” *. É à noite que tua beleza é exposta, da mesma forma que a lua escolhe nos presentear com o seu brilho. Foste nomeada com puro lirismo e poesia, pois teu nome é patrimonio do cancioneiro popular brasileiro. Ao descrever alguém que por ventura se chame Carolina e seja taurina, muitas irão se identificar com este texto. Porém, a pessoa em questão é alguém que tivemos o prazer de conhecer, nós, do De repente, Pagu há quatro anos. Nossa Carolina é a Carol Rabelo, a mulher da noite, das viagens, mas acima de tudo, do companheirismo. Em nome de todas, desejo-te toda a felicidade do mundo neste aniversário. E que possamos ser presenteados com tua presença, o tempo inteiro.

*trechos extraídos das canções Carolina, de Seu Jorge e Chico Buarque, respectivamente.

Por Juliana Belo, representando o De repente, Pagu. Por nós quatro (que amamos-te, sempre ).

domingo, 26 de abril de 2009

Antítese

Insolúvel por ser sólido
Por ser alegre em versos tristes
Por ser forte em corpo fraco
Por ser rico em meio pobre
Por ser claro em tinta escura
Insolúvel, por ser ele mesmo Amor,
que faz chorar de alegria,
Que vive no feio por ser beleza
Insolúvel por ser ele o tudo em meio ao nada
Por ser o senhor de tudo que descansa em mim.



E como já dizia a Pagu Brenna, Amor e Ódio andam juntos, pra que antítese melhor!

Por Andréia Dellano

sexta-feira, 24 de abril de 2009

AS HORAS

Mas ainda sim, ela não sabia o que ia acontecer. Sofria por antecipação. O telefone não tocava. Não era, todavia, a primeira vez que aquilo ocorria: sempre lhe dizia que ligaria... mas até ali, nada!

E lembrou-se de quando aquela realidade era apenas um sonho distante. Passava horas nas escadarias conversando com outras, que, assim como ela, sonhavam. Por um momento lembrou o que a amiga professara para si na noite anterior. Sorriu.

Queria mesmo era sanar o mal entendido que suas palavras provocaram... Compulsão maldita! O que mais poderia acontecer? Já sei, um casal feliz sentar-se a seu lado.

E as horas passavam. Aparentemente todos a observavam, mas estava só. Só e observada, obcecada, obstinada, objetada, petrificada. Triste.

Toca telefone... toca.


Por Lívia de Oliveira

quinta-feira, 16 de abril de 2009

MODA: A LINGUAGEM DO CONSUMISMO E DO APELO




No universo da moda, questões que envolvem estilo, atitude e aparência são fundamentais. Ao consumidor, estas palavras resumem as necessidades esperadas. No mundo atual, cujas imagens são o centro das comunicações, a publicidade e a moda reinam e ganham espaço. Este só é conseguido mediante a relação existente entre linguagem e consumo. Diríamos mais ainda: dá-se através de relações simbólicas que são construídas a partir de conceitos que a moda representa. A publicidade, uma grande aliada da moda juntamente com a televisão, representa uma instância que promovem ideais e valores da sociedade de consumo. Um ponto que deve ser ressaltado é a importância da arte para a construção destes ideais: “a princípio, sua finalidade seria a venda, e os meios para atingi-la seriam retirados da arte, valendo-se de elementos da subjetividade do consumidor” (SEVERIANO: 2001, p. 170)
Neste mundo cheio de símbolos, o produto da moda não é só em si mesmo um produto: a questão ultrapassa a necessidade de vestir-se. Ao comprar uma peça da moda, o consumidor passa a vivenciar e a integrar num mundo diferenciado, onde só os que obtiveram os objetos da moda compartilham o mesmo código: o das pessoas com estilo, as diferenciadas e as especiais. Para Maria Severiano, o produto não é o principal a ser vendido: o que deve ser vendido são as idéias, os símbolos, os valores, os arquétipos, os desejos, a diferença e o estilo. Como estratégia, a linguagem da moda se utiliza de duas características fundamentais: a forma artística e a subjetividade do cliente. No que diz respeito à forma artística, temos uma problemática: a publicidade, com meio de divulgar o produto é arte?

Apesar de muitos publicitários e estilistas afirmarem que ao utilizar-se de símbolos para a construção dos ideais da sociedade de consumo, estão produzindo arte, é bom ressaltar que para muitos a publicidade é vista de forma negativa: ela não tem obrigações éticas, ilude o povo e tem como finalidade a venda imediata. No caso da indústria da moda, ela é concebida como arte, se utiliza da arte, mas o objetivo final é a venda.
“A arte pretende vender nada senão a si mesma, enquanto que a publicidade vende outra coisa, ela é simplesmente um meio para um fim que é externo à sua própria forma” (SEVERIANO: 2001, p. 172)

O outro ponto chave que a moda se utiliza é a subjetividade do cliente que se apresenta como o fim último da moda. Aos consumidores são destinadas as necessidades de se promover, satisfazer e se realizar. É importante ressaltar que esta realização do consumidor é algo ilusório, pois não pode haver satisfação, senão o consumismo exacerbado chegará ao fim. Ao comprador, cabe a função de tentar se satisfizer em outra compra, em outra tendência, em outra moda. Não é sem objetivo que os padrões da moda são reinventados e pensados. No grande fetichismo das imagens, a compra é vista como algo sedutor, simpático que atende às necessidades de realização dos desejos do consumidor.
No mundo construído pela moda, novas possibilidades são construídas, novos padrões são estabelecidos e a sociedade do consumo as aceita e os reconstrói. A linguagem utilizada apresenta-se de forma subjetiva com a ajuda de recursos imagéticos. Tal linguagem é caracterizada “por explorar o universo dos desejos do consumidor, através da manipulação de signos que fazem a mediação entre objetos e pessoas” (SEVERIANO: 2001, p. 227).
Mediante os recursos imagéticos, a moda se utiliza da construção da imagem do consumidor, que é apresentado a um mundo criado através de seus desejos. Desta forma, as individualizações dele são liberadas e as escolhas do cliente revelam liberdade. Porém, é necessário ressaltar que esta aparente liberdade acaba funcionando como uma verdadeira escravidão para este consumidor. O processo de comunicação acaba sendo um veículo de fundamental importância para a concretização desta inter-relação entre consumidor e objeto de consumo, pois “ a comunicação, ao se tornar cada vez mais uma entidade fetiche, invade o campo intelectual, tornando-se responsável por uma verdadeira “psicopedagogia de massa” em seus diversos seguimentos” (SEVERIANO: 2001, p. 180).
Outra atribuição dada à Comunicação é o estabelecimento de uma comunicação personalizada, que só é possível através de uma linguagem personalizada, cujos pronomes de tratamento pessoais tentam provocar no consumidor intimidade e posteriormente, confiança no produto. A utilização de pronomes como “tu e você” acabam seduzindo o consumidor que efetiva a compra. Porém, é necessário frisar que esta atitude da comunicação pode ocasionar a frustração do consumidor, pois a linguagem que o seduzira, pode mascarar um produto de péssima qualidade.
“ao mesmo tempo que a imagem revela o objeto, também o mascara, suscitando, assim, uma atitude de “veleidade enganada” (SEVERIANO: 2001, p. 204).
No que diz respeito à linguagem utilizada pela moda, como foi explicitado anteriormente, esta se apresenta de forma subjetiva ao consumidor. Porem, a elaboração desta dá-se de forma racional e planejada. Portanto, esta subjetividade só é efetivada na relação com o objeto e as imagens que ele provoca: atitude, estilo e outros conceitos construídos. No que diz respeito a estilos e conceitos, é importante deixar claro que estas questões não são tratadas de forma unívoca por estilistas. Cada gênero que a obra pretende atender há conceitos e estilos diferenciados, pois a marca acaba representando o que o consumidor pretende: a marca indica sofisticação, atitude despojada, a idéia de modernidade, de integração, de mulher liberal, com atitude, ou um homem moderno e vaidoso, por exemplo. Para o estudioso Alexandre Bergamo, o discurso da individualização da moda não existe, pois as relações sociais é que vão constituir as posições e os signos:
“Embora todo o discurso seja orientado para que um indivíduo tenha estilo, ou seja, elegante, o universo social não é constituído por indivíduos, mas por posições sociais e por relações entre tais posições. A etiqueta esperada nada é mais senão o cumprimento da ordem social: a discriminação e a manutenção da posição que as pessoas ocupam dentro dessa ordem. As relações entre as pessoas são sempre, com isso, relações entre posições sociais reguladas pela conveniência exigida para a manutenção dessas posições e, portanto, dessa ordem” (BERGAMO: 2004, p. 89).

A linguagem utilizada pela moda, é construída para atender classes e estas, vão se utilizar da moda para expor seus conceitos. Nesta relação é difícil estabelecer de onde vem a ordem primeira: a moda influencia as classes ou as classes é que ditam a moda. Pode-se perceber uma relação dialética e conflituosa neste processo. O que deve ficar bem explícito é através da linguagem consumista, novos padrões e signos vão sendo reinventados e apresentados a esta nova sociedade.



Por Juliana Belo

terça-feira, 14 de abril de 2009

Gentem, rir SEMPRE é o melhor remédio!

OS SIGNOS NA FÁBRICA

São 5 horas da tarde. 12 funcionários de uma fábrica estão voltando pra casa no final do expediente. Ao chegarem ao portão de saída, descobrem que está trancado por fora, e como eles são os últimos a sair, não há ninguém para abri-lo para eles. Cada uma das 12 pessoas pertence a um dos signos do zodíaco. Veja agora que reação cada um demonstra diante do acontecido:

Áries:
Dando socos e pontapés no portão, berra: "ABRE ESSA PORCARIA!!!!!! QUE DROGA, NINGUÉM TÁ ME OUVINDO NÃO???? (BAM BAM BAM) ABRE SE NÃO EU ARROMBO!!!"

Touro:
Chegando mais perto, diz: "Pera aí gente, este cadeado não deve estar mesmo trancado, deixa eu ver... alguém tem um grampo aí? De repente se colocássemos 3 pessoas de um lado e 3 de outro empurrando, conseguiríamos abrir isso.. essas roldanas estão meio frouxas, isso seria fácil..."

Gêmeos:
Desanda a falar "Galera, isso já aconteceu com um amigo de um amigo de um amigo meu antes, lá em.. em.. como é mesmo o lugar?? Enfim, o lugar era muito maneiro, meus amigos sempre me convidam para ir pra lá, mas eu nunca pude por causa do trabalho e tal, mas enfim, sobre a coincidência, ah... sobre o que eu estava falando mesmo?"

Câncer:
Choramingando com as mão na cabeça e os olhos no relógio, "Ah não... hoje não.. (snif), tenho que buscar as crianças no colégio, tenho um jantar lá na mamãe... ihh, meu feijão ficou no fogo!! Ah, não, isso sempre acontece comigo...(snif)"

Leão:
Levanta os braços e fala em alto e bom som para todos: "Vocês não se preocupem, pois EU vou resolver todo este problema, por um simples motivo. EU conheço o DONO desta fábrica, EU vou reclamar com ele pessoalmente,
possivelmente ele vai ME indicar para pedir desculpas oficiais a todos vocês..."

Virgem:
Pensativo, fala: "Calma pessoal, vamos analisar a situação. São 5:17 da tarde, deve haver alguém da limpeza lá dentro. Se não houver, vamos agir com sensatez e ligar para a polícia.. alguém tem um celular aí? Ou quem sabe
podemos tentar o outro portão dos fundos, ou talvez procurar pelas chaves no armário do zelador.. é tudo uma questão de lógica e organização"

Libra:
Com um sorriso no rosto, diz para todos "Ih pessoal, relaxem... poderia ser pior, só estamos presos aqui, mais nada.. porque nós não nos sentamos aqui em roda e começamos a conversar, posso ir até a cozinha pegar um vinho... de repente admirar o céu, ah, vocês já pararam para ver como o pôr do sol está magnífico?"

Escorpião:
Sério, aperta os olhos e fala calmo "Você podem escrever o que eu vou dizer... se eu pegar o infeliz que trancou este portão, ele vai se arrepender profundamente do dia em que nasceu..."

Sagitário:
Abraçando um aqui e dando tapinhas nas costas de outro ali "AH, que situação mais cômica, hahahahahahaha, isso me lembra uma piada, hahahah, vocês
conhecem aquela do..."

Capricórnio:
Em silêncio, olha para o relógio, e para o portão, para o relógio, para o portão, para o relógio...

Aquário:
Sem pensar muito, pula o muro, cai do outro lado, abre o portão para os outros, e sai andando rápido pois ainda tem um cinema pra pegar dali a alguns minutos.

Peixes: Senta-se num canto, joga a cabeça entre os braços, e começa a chorar baixinho.

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Qualquer semelhança com as Pagus é mera "coencidência"!!!

Por Brenna, A Pata.





terça-feira, 7 de abril de 2009

(FEL)ICIDADE

Quando a rosa se despedaçou e ela foi embora, ele percebera que não havia mais saída, pois já se transformara em f-era. Sua bela não habitava mais o seu casarão. Enquanto ela falava, palavras e instantes eram recordados ao mesmo tempo em que os pedaços das pétalas caíam no chão e então percebera que estava despedaçado. Tudo estava perdido, a sua felicidade fora embora junto com o perfume dela. Seria tão simples se tudo fosse diferente, se ele não tivesse medo, se não fingisse... Mas quem disse que era fácil? O amor é difícil e é complicado. “sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse” *. A sua flor não era a mesma que ele queria dar de presente a ela. A flor que ele possuía era feita de pano, vivia guardada no bolso, à espera de uma oportunidade. A sua bela, essa era de verdade, saía do coração e era a única chance dele de encarar a vida e viver de verdade, pois nunca se dera conta de que a vida imaginária não era um sonho, mas sim um pesad(elo). A vida é, na verdade, algo difícil de encarar. O mais difícil era admitir seu amor, sua paixão e sua devoção. Era mais fácil se entregar ao fascínio de outras mulheres e tentar mentir a si mesmo que ela não era importante. O que ele não contava é que sua bela um dia resolveria fugir e tentar ser feliz. Então, o que ela não compreendera era que a felicidade que ela tentava dar a ele era engolida e sentida como o fel. Para quem tem medo de amar, o amor enfraquece e não fortalece. Ela sempre tivera vários pensamentos a respeito dele. “e era feliz sem ela, nada poderia fazê-la feliz sem ele! Nada! Era um egoísta. Assim são os homens” *. Após a passagem recém-chegada da vida para a morte, a conclusão dele era bem simples: “a vida nada tem a ver com rosas”*.

Nota: * trechos retirados do livro Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf.


Por Juliana Belo

terça-feira, 31 de março de 2009

Diário da Pata (dia-a-dia de uma sofredora da Síndrome do Peter Pan)

17 de fevereiro de 2008

->16:30h Danilo ligando! Como prometi antes pra mim mesma, NÃO VOU ATENDER!
->16:31h De novo!!! Nao vou! Não vou!
->22h Eu já disse que NÃO!
->22:01h Atendi! Ele me convidou pra ir ao show de Guilherme Arantes na terça! "Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim"!!!
Tá, manter a palavra não é tudo na vida...

18 de fevereiro de 2008

-Fiz minha prova e agora estou livre! Ai, como a liberdade é boa... posso acordar a hora que quiser, dormir a tarde toda, que felicidade plena! Como a vida é bela...
-Amanhã tenho um COM-PRO-MIS-SO! Que roupa vou usar? Xô dá uma olhada! Hummm... um vestidinho estilo a-filha-do-presidente ou um jeans estilo mulher-independente-e-casual??? Xiiii... minhas unhas tão um lixo!
-Affffff, tenho que escolher entre parecer criança abobalhada, romana antiga, velha quadrada e ahhhhhhh tenho dois vestidos novos! Vou experimentar!
-Ficou lindo! Estilo Sílvia-da-novela-das-8!!!
->21h Dan me ligou chamando pra ir pra Barreirinhas! "Nãããããããããao"

19 de fevereiro de 2008

-O Bruninho deixou depoimento pra mim no orkut dizendo que ele e a Gaby tinha uma novidade muito especial pra me contar!!! Fiquei looouca! Será que a Gaby tá grávida? Será q eles vão casar? Será que eles tão vindo passar férias comigo? Ainnnnn! Eu espero tudo desses dois loucos!
-Ana Clara me contou que a irmã mais nova dela tá grávida! 19 anos! É muita HIMILHAÇÃO uma menina de 19 anos ser mais pra frente que eu! Sou um E.T!
-ENCONTREI A GABY NO MSN! Foi confirmado: gravidez e casamento! E ainda está super feliz pq sempre sonhou em ser mão novinha! E quer casar pq adora brincar de boneca!
-Ai, gente, com que roupa vou pro casamento??? E pior... COM QUAL PENTEADO??? Socorro, já é em maio!!!
-NÃO POSSO ACREDITAR! Diogo entra no msn perguntando se tô sabendo da novidade: ELE VAI SER PAPAI! Calma! Respira! Tá, o que tá acontecendo com o mundo? É alguma pílula da reprodução que estão distribuindo por aí e simplesmente me esqueceram??? TÔ ABSOLUTAMENTE REVOLTADA! Me sentindo uma excluída da maternidade! Todos os meus amigos casando, procriando e eu aqui solteirona-convicta-sem-nenhuma-novidade-bombástica-ou-extraordinária e, acima de tudo (como diria a Gaby), VIRGEM-AOS-VINTE-ANOS! Buáááá................... vou assistir um filme!

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Por Brenna, a Pata

domingo, 29 de março de 2009

Todo mundo conhece, mas ninguém me apresenta

Sempre tive medo de amar demais e ficar louca. Calma, isso não é um testemunho de uma mulher que ama demais. É apenas um desabafo de uma pessoa que possui muitos amigos que eu poderia dizer que são um tanto descuidados, desinteressados pelos meus desejos e pela minha ansiedade. Para quem ainda não entendeu, vou explicar: conheço esse rapaz apenas de corredores. Todavia, mais estreito que um corredor era a relação dele com certos amigos meus. Desta forma, decidi chegar até ele de uma maneira bem curta: a velha e boa apresentação. Selecionando meus amigos, resolvi escolher uma amiga super discreta. O que eu não contava é que ela era a lerdeza em pessoa! Sol e lua dormiam e acordavam e nada dela acordar para minha situação. Naquele ponto, minha ansiedade e meu desejo por chegar aos lábios do rapaz só aumentavam e nada de uma mísera apresentação. Após tanto esperar, ela foi demitida do cargo, pois já estava cansada, louca e obcecada pelo moço. Durante duas semanas ele povoou meus sonhos e no reino das minhas fantasias ele falava comigo, estava comigo e era com-igor. Poucas vezes tive sonhos tão maravilhosos... Voltando à narrativa, percebi que outros amigos o conheciam muito bem. Através deles, descobri o desenho que ele gosta, a bebida e até os palavrões mais utilizados. Senti-me tão perto, tão íntima. Escutava tudo e tentava não demonstrar minha satisfação ao saber de todos aqueles pormenores grandiosos. Confessei que não conhecia o rapaz da mesma forma que eles e que tinha até uma impressão negativa a respeito dele. Todos me prometeram que um dia me apresentariam a ele. Até hoje espero por isso... Outro problema se revelou no dia-a-dia: minha falta de sorte aliada a uma conspiração de todo o Sistema Solar, da Via Láctea e de meus adversários, pois todos o encontravam pela cidade, exceto eu. Então, decidi que não vou desistir. Passei a freqüentar lugares que os pés dele pisam e um dia talvez... Mas não canso de pedir a todos que me apresentem, que digam meu nome, me insiram no mapa de conhecidos desta pessoa. Não fiquei louca de amor, nem amo demais. Apenas o quero. Quero a voz, os beijos e a atenção. Quero apenas dizer: muito prazer, pois sou a sua.

Notas:
qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Isso se trata de um texto de ficção.
Àqueles que o conhecem, mas nunca me apresentaram: amigos como vocês, ninguém merece!
Lívia: valeu pela sugestão do texto
Brenna: você me serviu de exemplo. Nunca pensei que ter uma obsessão fosse tão legal.

Por Juliana Belo

segunda-feira, 2 de março de 2009

Plágio de mim


Vagando no sentimento
Vagando por um sentimento
Vagando...
E no vagar, na dança da noite,
Tento responder o que não tem resposta.
O álcool não é suficiente
Aquele cd? Não é suficiente
Nem o bar, nem os amigos,
Nem um cigarro Black

PERDIDA
[me achei]

De uma conversa
Surgiu a resposta,
Mas dessa resposta
Não tive certeza;
Então pensei,
Rezei,
Chorei,
Mas não pude gritar, assim criei:
Um novo olhar, uma nova rima,
Um novo verso, uma nova linha;
Linda, fina e que é minha. Só minha!

No entanto, continuei vagando
E ao perceber o meu engano
Lembrei de um amigo
“olha a chuva.”
Sim. A chuva. Não era noite, mas parecia...

TUDO ERA TREVA
TUDO ERA NÉVOA
TUDO ERA.

Ouve, sente, vê...
Leva esse teu sentimento para longe,
Tão longe quanto possas imaginar.
Pede, implora, manda vaguear.

Ouve?!?
É o teu vagar,
Já pulsa tão forte que...
Não posso continuar.

Saltei. Voei.
ME LIBERTEI.
[Aprisionei]


Apaixonei.
De novo e de novo e sempre,
Como nunca, como hoje, como agora,
Mas não como outrora,
E sim como aurora – o dia que nasce.

Com ele meu vagar não se encerra,
Renasce com a noite, com as estrelas
E culmina com o doce e sincero sono,
O dia, que pode ser claro e por vezes turvo,
Porém nunca igual, e ainda sim o mesmo

LOUCO

Cheio de outras e outros,
Mas ainda sim você,
Eu, nós.

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Nota: em agradecimento ao meu amigo AU, que deu forças quando eu já não tinha. Criei um personagem.

Lívia de Oliveira

domingo, 1 de março de 2009

Mês dedicado à Mulher


Tendo em vista o dia 8/03 que é o dia internacional da mulher, decidi iniciar o mês de março com a proposta de escrever sobre mulheres. Prezados leitores/internautas, vocês não lerão neste blog um apanhado de ideologias feministas ou tentativas de elevar a mulher ao poder. Penso que devemos discutir sobre várias questões que envolvem o universo feminino. O texto a seguir é de um grande amigo baiano, o Lázaro Barbosa que, da mesma forma que nós Pagus, tem um blog. Espero que o texto dele nos incite a boas discussões.

Do clitóris ao papanicolau
Ninfomania não tem mesmo hora pra chegar. Conversávamos, eu e meu irmão, qualquer besteira que não lembro nem importa lembrar agora. Conversávamos, ele lavando roupa, eu lavando os pratos, ao som de Titãs. Eu tava gostando da música, repetia ela várias vezes. Então, confabulando comigo mesmo, comecei a fazer um projeto simples de exegese. A base desta postagem é a primeira faixa do CD Tudo ao Mesmo Tempo Agora.

Vejamos, então, o primeiro verso. Parece um mantra, repete solenemente o nome daquele botão carnal, daquele centro vulcânico da genitália externa da mulher: o clitóris. A etimologia sugere o toque lascivo das partes pudendas: nada como um roçar, vaivém frenético e apetitoso, tanto faz se é o dedo, o pênis ou a língua; o toque delicioso faz estremecer e explodir na volúpia localizada, que não tarda a se expandir e ganhar o corpo inteiro de sua dona (1).Tudo isso a despeito de práticas em certas regiões do globo, notadamente entre muçulmanos no Oriente Médio e algumas etnias africanas, que o enxertam todo, levando embora até a vulva, se necessário. Basta um contato, mesmo o mais efêmero e tímido: então a jovem senhora menina experimenta o que quer o que pode essa anatomia.
No entanto, nem todo mundo gosta desse marcador biológico. Não me refiro a workaholics, adeptos do SM, ou àquelas que, por força de dramas pessoais, congelou e estagnou a sensibilidade daquela jóia dourada. Me refiro à Igreja Católica, uma grande responsável pelo tabu da sexualidade em geral e, naturalmente, ele não estava de fora. Em vez do clitóris, friccionemos o genuflexório na hora da missa. Deixemos o prazer carnal de fora, uma vez que existem prazeres mais sublimes e duradouros para além desta vida. Ainda há o confessionário para ajudar a suprimir esses pensamentos pervertidos. Mas pensemos bem: até que ponto um homem que se diz casto pode orientar os (e principalmente as) fiéis a deixar o sexo – e, conseqüentemente, o clitóris – para depois do casamento? O celibato foi um dos piores dogmas instituídos pelo catolicismo, que tolhe e deforma a sexualidade de clérigos por todo a parte. (Estou pondo de fora aqueles que, sem qualquer coerção – ainda menos a religiosa – , passa muito bem sem o sexo; mas esta é uma minoria cada vez mais minoritária.) Não sem razão, o Opus Dei sai por aí à cata de padres pedófilos, abafando os escândalos sexuais tão recorrentes em lugares como os EUA. Ainda nos Estados Unidos, mais precisamente em Los Angeles: ê lugarzinho pra ter figurinhas eclesiásticas reacionárias! Lembro de ter lido um capítulo dum livro de Mike Davis (Cidade de Quartzo – Escavando o Futuro de Los Angeles) apenas sobre elas; entre suas atividades, estava incluso um boicote à campanha contra a AIDS e, se não me engano, incentivando o não-uso da camisinha. Então podemos aumentar a promiscuidade assim de qualquer maneira? Duvido que qualquer fiel devidamente esclarecido e com vida sexual ativa – a despeito das recomendações papais, cardinais etc. – evite pegar um pedaço de borracha pra deixar o gozo mais seguro.

E, então, quando pega no ato, a jovem senhora menina sente o peso avassalador da verborragia histérica e precipitada. Agora, ela é chamada de suja; gritam que ela surja, o corpo e a mente imaculados pelas delícias proibidas. Ninguém nem sabe onde ela terá feito, muito menos se terá feito; no entanto, a simples suspeita do líquido grosso, melando seja lá qual for a parte de sua anatomia, é suficiente para arrumar justificativas estapafúrdias e invasivas da intimidade genital feminina. Aborta! Casa! Vai embora desta casa! (2)

Quando não se contentam com o grito, mandam imediatamente para o ginecologista, saber se o lacre está no lugar. Não é bem para isso que serve o papanicolau, mas o simples fato de poder ser feito já implica no diagnóstico positivo por parte dos pais, tutores, madrinhas etc. Implica, mais ainda, um prolongamento vergonhoso da tortura com a mulher, já que o homem pode muito bem sedá-la e fazer o que lhe vier à cabeça. O que era pra ser um exame de prevenção se torna o coroamento do ataque à mulher: (3) até onde sei, quase nenhuma gosta de dar satisfação de quem pega ou deixa de pegar em seu clitóris, não é mesmo?

(1) Alguém, sem entender essa prolixia falsamente intelectual, apenas diz: ah, o negócio é tocar uma siririca na gata, fazer ela gozar bem muito!

(2) Isso me lembrou – mente suja imunda – um grito de guerra, um slogan sardônico e pouco criativo. Não tenho mais o que acrescentar nesse parágrafo, porque a letra já é eloqüente por demais.

(3) Não sejamos tão precipitados: de repente ela esteja brincando de médico com o pé-de-lã e eu não saiba.

texto escrito especialmente por Lázaro Barbosa. Mais textos deste autor disponíveis em:
http://lazarobarbosa.blogspot.com

Por Juliana Belo

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Aprenda com quem sabe

O texto a seguir é do nosso queridíssimo Arnaldo Jabor, um ídolo entre nós Pagus.
Trata-se de tudo aquilo que passamos em nossos relacionamentos, mas não das situações, e sim de nós mesmos. Nossos medos, indecisões, amores e não-amores.
Aproveitem a leitura e se encontrem... ou se percam!

RELACIONAMENTOS...

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim.
Como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah,terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos... que pena... acabou...
- é... não deu certo...
Claro que deu!
Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se
somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você
mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.
Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.
Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te
impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se
não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não brigue, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou
não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?
O legal é alguém que está com você, só por você.
E vice-versa.
Não fique com alguém por pena.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é
compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar,
seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração...
Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro
universo.
E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias..
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
E nem todo sexo bom é para descartar... Ou se apaixonar... Ou se
culpar....
Enfim.... quem disse que ser adulto é fácil?

(Arnaldo Jabor)

Lívia de Oliveira

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Palavras a ti

Passada a turbulência do abandono, a tentativa de trilhar seu caminho foi uma necessidade. Na sua nova jornada, sensações descobertas. Um brilho que até então estava escondido a fez perceber que o passado ofuscante realmente havia passado. Nos seus encontros, a surpresa: novos corpos, novas danças e um desejo incontrolável de não pertencer a outro, mas a si mesma. Ao ser dona de si, a percepção de que poderia ter outros, beijá-los e devorá-los, pois sempre fora dominadora, altiva e decidida. O mais desejado e cobiçado era também o mais difícil. Ó deus ébano, tuas tranças laçaram-me no mundo da teimosia e do desejo. Ainda serás meu e teu corpo será meu instrumento de brincadeira! Outros vieram e tentaram ganhar seus beijos, seu carinho e até o seu amor, porém, a deusa da noite não queria a companhia de outros, já que a vida lhe ensinara outra coisa: o passado é sempre presente. Em meio às sensações novas, uma ainda é constante: o amor primeiro. Porque sim, foste o primeiro. Não fomos Romeu e Julieta, nem Heloise e Abelard, muito menos Tristão e Isolda. Somos Blimunda e Baltazar, pois me fizeste tua lua e me queimei na luz do teu sol. Elegeste-me tua Capitu e vesti-me como a noite para nosso amor celebrar. Dançaram ao som de Norah Jones e Diana Kral. Cantaram juras e gemidos que entravam pelo ouvido e eram traduzidas pela boca, a mesma que beijava, jurava e engolia toda a fonte de vida e de prazer... Somos aquilo que fazemos. Façamos então...



Por Juliana Belo

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Clichê

Sentada, continuava a questionar-se sobre o que tinha ocorrido há dois dias atrás. Uma conversa cheia de sentimentos com a pessoa que ela jurava estar apaixonada. Foi confuso no começo, pois a criatura não queria revelar-se e depois descobrir que o esforço da verdade não valera de nada!... Contudo, surpresas acontecem.

Assim, de repente, ele começa a desvirtuar os rumos que aquela conversa tomara. Ela, atônita com o que acontecia, tentava não revelar verdades demais, “é muito arriscado!”, disse-lhe uma amiga. Mas ela seguiu o seu homem, o seu coração.

Ambos revelaram desejos, segredos guardados em baús do passado. Ela, contente por ver sua verdade compartilhada, começara a fazer planos, tecer sonhos. Pobre criatura! Ele, inebriado de todas as sensações das quais sofrem os apaixonados, revelou-lhe outros, que por agora, não poderiam se concretizar.

E pensava estar mais calma, ciente do que ocorrera há dois dias, no entanto aqueles calafrios ao vê-lo só aumentavam, ou pelo menos se estagnaram. Tal intensidade (e intenção) crescia, a ponto de não poderem mais. Entregaram-se.

Enquanto ele apagava a luz, mil coisas passavam por sua cabeça, e só uma pergunta restava: ”por que só agora?”... Ela, por sua vez, relembrava o que em diversas ocasiões ouvira de outros apaixonados: “tudo que é proibido...” e não sentiu necessidade de completar. A noite só estava começando.

Confessaram-se um ao outro como um dia fizeram Blimunda e Baltazar, Julieta e Romeu. O primeiro, verdadeiro; o seguinte, proibido. Ambos consumados. Mas o dela, o daquela noite, não. Menos por pudor do que por desejo.

Os calores foram os mesmos, os beijos ardentes foram os mesmos, o sentimento é que era maior. Ela acreditou ser àquela noite; ele acreditou que seria o primeiro e, no fim, era apenas o começo. Vestiram-se. Ao sair confirmou o que ele já sabia e que o desejo dos corpos abafara: “não quero ser a número 2”.

Quando já estava prestes a descer as escadas, deu um último olhar aquele que era seu passado, presente, porém não o futuro. Pelo menos por agora.


Lívia de Oliveira