terça-feira, 7 de abril de 2009

(FEL)ICIDADE

Quando a rosa se despedaçou e ela foi embora, ele percebera que não havia mais saída, pois já se transformara em f-era. Sua bela não habitava mais o seu casarão. Enquanto ela falava, palavras e instantes eram recordados ao mesmo tempo em que os pedaços das pétalas caíam no chão e então percebera que estava despedaçado. Tudo estava perdido, a sua felicidade fora embora junto com o perfume dela. Seria tão simples se tudo fosse diferente, se ele não tivesse medo, se não fingisse... Mas quem disse que era fácil? O amor é difícil e é complicado. “sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse” *. A sua flor não era a mesma que ele queria dar de presente a ela. A flor que ele possuía era feita de pano, vivia guardada no bolso, à espera de uma oportunidade. A sua bela, essa era de verdade, saía do coração e era a única chance dele de encarar a vida e viver de verdade, pois nunca se dera conta de que a vida imaginária não era um sonho, mas sim um pesad(elo). A vida é, na verdade, algo difícil de encarar. O mais difícil era admitir seu amor, sua paixão e sua devoção. Era mais fácil se entregar ao fascínio de outras mulheres e tentar mentir a si mesmo que ela não era importante. O que ele não contava é que sua bela um dia resolveria fugir e tentar ser feliz. Então, o que ela não compreendera era que a felicidade que ela tentava dar a ele era engolida e sentida como o fel. Para quem tem medo de amar, o amor enfraquece e não fortalece. Ela sempre tivera vários pensamentos a respeito dele. “e era feliz sem ela, nada poderia fazê-la feliz sem ele! Nada! Era um egoísta. Assim são os homens” *. Após a passagem recém-chegada da vida para a morte, a conclusão dele era bem simples: “a vida nada tem a ver com rosas”*.

Nota: * trechos retirados do livro Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf.


Por Juliana Belo

3 comentários:

Lica de Oliveira disse...

Melancólico...diria até que meloso, mas o que fazer, quando duas pessoas que supostamente se amavam tendem ao fim?
Ai,ai... amores!São como a pétala que despedaça: um dia cravados na rosa em outro migalhas, restos, sobras. Como diriam os realista: a coisa latrinária.

Amiga, como sempre você revela a outra face das pessoas e situações, embora eu não tenha concordado em alguns pontos com esse texto, ainda sim tu és ótima analista (ou seria "alienista"?)
Parabéns!

Lica de Oliveira disse...

Ops...é realistaS!

Auíri Au disse...

Como diria o poeta:
"foi por amor, o assassinato da flor..."

Adorei as palavras!!