domingo, 26 de abril de 2009

Antítese

Insolúvel por ser sólido
Por ser alegre em versos tristes
Por ser forte em corpo fraco
Por ser rico em meio pobre
Por ser claro em tinta escura
Insolúvel, por ser ele mesmo Amor,
que faz chorar de alegria,
Que vive no feio por ser beleza
Insolúvel por ser ele o tudo em meio ao nada
Por ser o senhor de tudo que descansa em mim.



E como já dizia a Pagu Brenna, Amor e Ódio andam juntos, pra que antítese melhor!

Por Andréia Dellano

sexta-feira, 24 de abril de 2009

AS HORAS

Mas ainda sim, ela não sabia o que ia acontecer. Sofria por antecipação. O telefone não tocava. Não era, todavia, a primeira vez que aquilo ocorria: sempre lhe dizia que ligaria... mas até ali, nada!

E lembrou-se de quando aquela realidade era apenas um sonho distante. Passava horas nas escadarias conversando com outras, que, assim como ela, sonhavam. Por um momento lembrou o que a amiga professara para si na noite anterior. Sorriu.

Queria mesmo era sanar o mal entendido que suas palavras provocaram... Compulsão maldita! O que mais poderia acontecer? Já sei, um casal feliz sentar-se a seu lado.

E as horas passavam. Aparentemente todos a observavam, mas estava só. Só e observada, obcecada, obstinada, objetada, petrificada. Triste.

Toca telefone... toca.


Por Lívia de Oliveira

quinta-feira, 16 de abril de 2009

MODA: A LINGUAGEM DO CONSUMISMO E DO APELO




No universo da moda, questões que envolvem estilo, atitude e aparência são fundamentais. Ao consumidor, estas palavras resumem as necessidades esperadas. No mundo atual, cujas imagens são o centro das comunicações, a publicidade e a moda reinam e ganham espaço. Este só é conseguido mediante a relação existente entre linguagem e consumo. Diríamos mais ainda: dá-se através de relações simbólicas que são construídas a partir de conceitos que a moda representa. A publicidade, uma grande aliada da moda juntamente com a televisão, representa uma instância que promovem ideais e valores da sociedade de consumo. Um ponto que deve ser ressaltado é a importância da arte para a construção destes ideais: “a princípio, sua finalidade seria a venda, e os meios para atingi-la seriam retirados da arte, valendo-se de elementos da subjetividade do consumidor” (SEVERIANO: 2001, p. 170)
Neste mundo cheio de símbolos, o produto da moda não é só em si mesmo um produto: a questão ultrapassa a necessidade de vestir-se. Ao comprar uma peça da moda, o consumidor passa a vivenciar e a integrar num mundo diferenciado, onde só os que obtiveram os objetos da moda compartilham o mesmo código: o das pessoas com estilo, as diferenciadas e as especiais. Para Maria Severiano, o produto não é o principal a ser vendido: o que deve ser vendido são as idéias, os símbolos, os valores, os arquétipos, os desejos, a diferença e o estilo. Como estratégia, a linguagem da moda se utiliza de duas características fundamentais: a forma artística e a subjetividade do cliente. No que diz respeito à forma artística, temos uma problemática: a publicidade, com meio de divulgar o produto é arte?

Apesar de muitos publicitários e estilistas afirmarem que ao utilizar-se de símbolos para a construção dos ideais da sociedade de consumo, estão produzindo arte, é bom ressaltar que para muitos a publicidade é vista de forma negativa: ela não tem obrigações éticas, ilude o povo e tem como finalidade a venda imediata. No caso da indústria da moda, ela é concebida como arte, se utiliza da arte, mas o objetivo final é a venda.
“A arte pretende vender nada senão a si mesma, enquanto que a publicidade vende outra coisa, ela é simplesmente um meio para um fim que é externo à sua própria forma” (SEVERIANO: 2001, p. 172)

O outro ponto chave que a moda se utiliza é a subjetividade do cliente que se apresenta como o fim último da moda. Aos consumidores são destinadas as necessidades de se promover, satisfazer e se realizar. É importante ressaltar que esta realização do consumidor é algo ilusório, pois não pode haver satisfação, senão o consumismo exacerbado chegará ao fim. Ao comprador, cabe a função de tentar se satisfizer em outra compra, em outra tendência, em outra moda. Não é sem objetivo que os padrões da moda são reinventados e pensados. No grande fetichismo das imagens, a compra é vista como algo sedutor, simpático que atende às necessidades de realização dos desejos do consumidor.
No mundo construído pela moda, novas possibilidades são construídas, novos padrões são estabelecidos e a sociedade do consumo as aceita e os reconstrói. A linguagem utilizada apresenta-se de forma subjetiva com a ajuda de recursos imagéticos. Tal linguagem é caracterizada “por explorar o universo dos desejos do consumidor, através da manipulação de signos que fazem a mediação entre objetos e pessoas” (SEVERIANO: 2001, p. 227).
Mediante os recursos imagéticos, a moda se utiliza da construção da imagem do consumidor, que é apresentado a um mundo criado através de seus desejos. Desta forma, as individualizações dele são liberadas e as escolhas do cliente revelam liberdade. Porém, é necessário ressaltar que esta aparente liberdade acaba funcionando como uma verdadeira escravidão para este consumidor. O processo de comunicação acaba sendo um veículo de fundamental importância para a concretização desta inter-relação entre consumidor e objeto de consumo, pois “ a comunicação, ao se tornar cada vez mais uma entidade fetiche, invade o campo intelectual, tornando-se responsável por uma verdadeira “psicopedagogia de massa” em seus diversos seguimentos” (SEVERIANO: 2001, p. 180).
Outra atribuição dada à Comunicação é o estabelecimento de uma comunicação personalizada, que só é possível através de uma linguagem personalizada, cujos pronomes de tratamento pessoais tentam provocar no consumidor intimidade e posteriormente, confiança no produto. A utilização de pronomes como “tu e você” acabam seduzindo o consumidor que efetiva a compra. Porém, é necessário frisar que esta atitude da comunicação pode ocasionar a frustração do consumidor, pois a linguagem que o seduzira, pode mascarar um produto de péssima qualidade.
“ao mesmo tempo que a imagem revela o objeto, também o mascara, suscitando, assim, uma atitude de “veleidade enganada” (SEVERIANO: 2001, p. 204).
No que diz respeito à linguagem utilizada pela moda, como foi explicitado anteriormente, esta se apresenta de forma subjetiva ao consumidor. Porem, a elaboração desta dá-se de forma racional e planejada. Portanto, esta subjetividade só é efetivada na relação com o objeto e as imagens que ele provoca: atitude, estilo e outros conceitos construídos. No que diz respeito a estilos e conceitos, é importante deixar claro que estas questões não são tratadas de forma unívoca por estilistas. Cada gênero que a obra pretende atender há conceitos e estilos diferenciados, pois a marca acaba representando o que o consumidor pretende: a marca indica sofisticação, atitude despojada, a idéia de modernidade, de integração, de mulher liberal, com atitude, ou um homem moderno e vaidoso, por exemplo. Para o estudioso Alexandre Bergamo, o discurso da individualização da moda não existe, pois as relações sociais é que vão constituir as posições e os signos:
“Embora todo o discurso seja orientado para que um indivíduo tenha estilo, ou seja, elegante, o universo social não é constituído por indivíduos, mas por posições sociais e por relações entre tais posições. A etiqueta esperada nada é mais senão o cumprimento da ordem social: a discriminação e a manutenção da posição que as pessoas ocupam dentro dessa ordem. As relações entre as pessoas são sempre, com isso, relações entre posições sociais reguladas pela conveniência exigida para a manutenção dessas posições e, portanto, dessa ordem” (BERGAMO: 2004, p. 89).

A linguagem utilizada pela moda, é construída para atender classes e estas, vão se utilizar da moda para expor seus conceitos. Nesta relação é difícil estabelecer de onde vem a ordem primeira: a moda influencia as classes ou as classes é que ditam a moda. Pode-se perceber uma relação dialética e conflituosa neste processo. O que deve ficar bem explícito é através da linguagem consumista, novos padrões e signos vão sendo reinventados e apresentados a esta nova sociedade.



Por Juliana Belo

terça-feira, 14 de abril de 2009

Gentem, rir SEMPRE é o melhor remédio!

OS SIGNOS NA FÁBRICA

São 5 horas da tarde. 12 funcionários de uma fábrica estão voltando pra casa no final do expediente. Ao chegarem ao portão de saída, descobrem que está trancado por fora, e como eles são os últimos a sair, não há ninguém para abri-lo para eles. Cada uma das 12 pessoas pertence a um dos signos do zodíaco. Veja agora que reação cada um demonstra diante do acontecido:

Áries:
Dando socos e pontapés no portão, berra: "ABRE ESSA PORCARIA!!!!!! QUE DROGA, NINGUÉM TÁ ME OUVINDO NÃO???? (BAM BAM BAM) ABRE SE NÃO EU ARROMBO!!!"

Touro:
Chegando mais perto, diz: "Pera aí gente, este cadeado não deve estar mesmo trancado, deixa eu ver... alguém tem um grampo aí? De repente se colocássemos 3 pessoas de um lado e 3 de outro empurrando, conseguiríamos abrir isso.. essas roldanas estão meio frouxas, isso seria fácil..."

Gêmeos:
Desanda a falar "Galera, isso já aconteceu com um amigo de um amigo de um amigo meu antes, lá em.. em.. como é mesmo o lugar?? Enfim, o lugar era muito maneiro, meus amigos sempre me convidam para ir pra lá, mas eu nunca pude por causa do trabalho e tal, mas enfim, sobre a coincidência, ah... sobre o que eu estava falando mesmo?"

Câncer:
Choramingando com as mão na cabeça e os olhos no relógio, "Ah não... hoje não.. (snif), tenho que buscar as crianças no colégio, tenho um jantar lá na mamãe... ihh, meu feijão ficou no fogo!! Ah, não, isso sempre acontece comigo...(snif)"

Leão:
Levanta os braços e fala em alto e bom som para todos: "Vocês não se preocupem, pois EU vou resolver todo este problema, por um simples motivo. EU conheço o DONO desta fábrica, EU vou reclamar com ele pessoalmente,
possivelmente ele vai ME indicar para pedir desculpas oficiais a todos vocês..."

Virgem:
Pensativo, fala: "Calma pessoal, vamos analisar a situação. São 5:17 da tarde, deve haver alguém da limpeza lá dentro. Se não houver, vamos agir com sensatez e ligar para a polícia.. alguém tem um celular aí? Ou quem sabe
podemos tentar o outro portão dos fundos, ou talvez procurar pelas chaves no armário do zelador.. é tudo uma questão de lógica e organização"

Libra:
Com um sorriso no rosto, diz para todos "Ih pessoal, relaxem... poderia ser pior, só estamos presos aqui, mais nada.. porque nós não nos sentamos aqui em roda e começamos a conversar, posso ir até a cozinha pegar um vinho... de repente admirar o céu, ah, vocês já pararam para ver como o pôr do sol está magnífico?"

Escorpião:
Sério, aperta os olhos e fala calmo "Você podem escrever o que eu vou dizer... se eu pegar o infeliz que trancou este portão, ele vai se arrepender profundamente do dia em que nasceu..."

Sagitário:
Abraçando um aqui e dando tapinhas nas costas de outro ali "AH, que situação mais cômica, hahahahahahaha, isso me lembra uma piada, hahahah, vocês
conhecem aquela do..."

Capricórnio:
Em silêncio, olha para o relógio, e para o portão, para o relógio, para o portão, para o relógio...

Aquário:
Sem pensar muito, pula o muro, cai do outro lado, abre o portão para os outros, e sai andando rápido pois ainda tem um cinema pra pegar dali a alguns minutos.

Peixes: Senta-se num canto, joga a cabeça entre os braços, e começa a chorar baixinho.

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Qualquer semelhança com as Pagus é mera "coencidência"!!!

Por Brenna, A Pata.





terça-feira, 7 de abril de 2009

(FEL)ICIDADE

Quando a rosa se despedaçou e ela foi embora, ele percebera que não havia mais saída, pois já se transformara em f-era. Sua bela não habitava mais o seu casarão. Enquanto ela falava, palavras e instantes eram recordados ao mesmo tempo em que os pedaços das pétalas caíam no chão e então percebera que estava despedaçado. Tudo estava perdido, a sua felicidade fora embora junto com o perfume dela. Seria tão simples se tudo fosse diferente, se ele não tivesse medo, se não fingisse... Mas quem disse que era fácil? O amor é difícil e é complicado. “sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse” *. A sua flor não era a mesma que ele queria dar de presente a ela. A flor que ele possuía era feita de pano, vivia guardada no bolso, à espera de uma oportunidade. A sua bela, essa era de verdade, saía do coração e era a única chance dele de encarar a vida e viver de verdade, pois nunca se dera conta de que a vida imaginária não era um sonho, mas sim um pesad(elo). A vida é, na verdade, algo difícil de encarar. O mais difícil era admitir seu amor, sua paixão e sua devoção. Era mais fácil se entregar ao fascínio de outras mulheres e tentar mentir a si mesmo que ela não era importante. O que ele não contava é que sua bela um dia resolveria fugir e tentar ser feliz. Então, o que ela não compreendera era que a felicidade que ela tentava dar a ele era engolida e sentida como o fel. Para quem tem medo de amar, o amor enfraquece e não fortalece. Ela sempre tivera vários pensamentos a respeito dele. “e era feliz sem ela, nada poderia fazê-la feliz sem ele! Nada! Era um egoísta. Assim são os homens” *. Após a passagem recém-chegada da vida para a morte, a conclusão dele era bem simples: “a vida nada tem a ver com rosas”*.

Nota: * trechos retirados do livro Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf.


Por Juliana Belo