A Toponímia, como um ramo da Onomástica, tem por objetivo estudar historica e lingüisticamente a origem dos nomes designativos de lugares. Segundo Schneider (2001, p.441) “o estudo da Toponímia é de suma importância para o conhecimento da realidade social, histórica, econômica, política e geográfica de uma comunidade, uma vez que, através do estudo das designações atribuídas aos lugares, pode-se recuperar aspectos subjacentes à realidade nomeada”. Com base na Toponímia, faremos a análise da obra Tambores de São Luís, de Josué Montello, seguindo a trajetória percorrida por Damião, personagem principal do romance, tendo como cenário a cidade de São Luís (MA), na segunda metade do século XIX e início do século XX.O romance passa-se em uma única noite e é marcado pelo cruzamento de dois fluxos narrativos em um só plano. Assim, o personagem funde alguns momentos de flash-back, como a sua infância e sua vida de escravo ao seu momento real. A trama inicia-se com Damião indo acompanhar o nascimento de seu primeiro trineto e, de repente, no meio do caminho é surpreendido ao encontrar dois homens mortos em um botequim, fato de suma importância para o imprevisto desfecho do enredo.Assim, em suas andanças e lembranças, transita pelas ruas, becos, praças e largos da cidade. Partindo do Largo de Santiago, o protagonista segue seu caminho pelas ruas de São Pantaleão, do Passeio, Largo do Quartel, Rua dos Remédios, das Hortas, do Navio e chega finalmente ao seu destino, à casa de sua bisneta, que fica entre o bairro da Gamboa e a Quinta da Vitória. Do ponto de vista da toponímia, os designativos das ruas que compõem o seu trajeto sofreram algumas eventuais substituições e/ou desaparecimentos de nomes como o Largo do Quartel, a Quinta da Vitória e o bairro da Gamboa, atualmente Praça Deodoro, Hospital Universitário e bairro Camboa, respectivamente. A Rua dos Remédios (ou Rua Rio Branco) e a Rua dos Navios (ou Rua Almirante Tamandaré) permanecem como nomes paralelos, ou seja, são conhecidos tanto pelo seu nome antigo como pelo seu nome oficial, em geral um antropotopônimo.No que se refere à Rua de São Pantaleão, ao contrário do que muitos pensam, sua nomeação não se atribui a um ato de devoção, por não se tratar de santo (hagiotopônimo), mas de um antropotopônimo por homenagear uma pessoa pública. A motivação deve-se a um senhor chamado Pantaleão Rodrigues de Castro, que mandou construir uma igreja no local, dedicada a São José da Cidade. Mais tarde Pantaleão e seu filho fizeram doação dela à Santa Casa de Misericórdia, consagrando-a Igreja de São José de Misericórdia. A rua, então, em lembrança ao devoto construtor da igreja, passou a ser chamada pelo povo de Igreja de Seu Pantaleão, lexia que evoluiu para São Pantaleão.Já o nome do desaparecido Largo do Quartel refere-se à parte frontal do quartel do Exército que ali existiu. Também foi conhecido como Campo do Ourique, relembrando a batalha em que portugueses cristãos derrotaram os mulçumanos na cidade de Ourique, situada ao sul de Portugal. O antigo largo chamou-se também de Praça da Independência. Atualmente, chama-se Praça Deodoro, em homenagem ao primeiro presidente republicano Marechal Deodoro da Fonseca.
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Carol Rabelinus