quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Em defesa à Literatura




Estou, através deste meu texto, defendendo uma arte pouco valorizada no nosso país, que é a arte literária. Esta minha defesa não deveria ser necessária. Porém, num país como o nosso cuja prática de leitura é algo insuficiente e muitas vezes, inexistente, faz-se necessária a minha tentativa. Primeiramente, porque enfrentamos problemas sérios no que diz respeito à educação, pois ainda temos muitos analfabetos e os que são alfabetizados, não são de forma adequada, pois a maioria não consegue ler e interpretar textos que lhe são apresentados. Aos que têm acesso a uma alfabetização adequada, falta leitura. Podemos nos perguntar por que isso acontece, já que existem campanhas de incentivo à leitura nos vários veículos de comunicação e que todos já sabem os benefícios da leitura na formação pessoal, intelectual e profissional do ser humano. Mas é a partir desse ponto que inicio meu discurso e meu ponto de vista: as campanhas de incentivo à leitura agem de forma errada! Em muitas propagandas, vi e ouvi estas campanhas afirmarem que “ler é legal”, “que te leva a outros mundos” e “que você fica inteligente”. Bem, quero analisar todos estes pontos. O primeiro talvez seja o mais complicado, pois coloca a literatura como entretenimento, o que não é. Arte á algo para ser apreciado, refletido e analisado. Não podemos colocar a arte literária como diversão. Na verdade, nenhuma linguagem artística deve ser encarada desta forma, pois devido a este pensamento as pessoas não apreciam obras de arte, nem lêem determinados livros, pois consideram a narrativa enfadonha. O caso da poesia é ainda mais complicado. A imagem das pessoas sobre um bom livro é aquela que o leitor fica numa rede descansando e lendo, se divertindo. Caros internautas, isso não é leitura, é apenas um passatempo, uma distração. A prática de leitura é algo que consiste em esforço, muito conhecimento de mundo para podermos interpretar os textos. Muitas vezes é algo doloroso, pois a escrita é misteriosa e nos desafia. Talvez por isso a literatura seja tão fascinante. Com relação à leitura levar as pessoas a outros mundos, é outra visão bem fantasiosa da literatura, pois a maior viagem que fazemos ao ler é a nossa viagem interior, nossa busca constante por nos conhecermos. Outro ponto que considero importante é o que afirma que a leitura desenvolve o intelecto. Até aí nenhum problema. Porém, quando vejo pessoas se utilizando apenas de frases feitas, de opiniões que na verdade não são suas, percebo um falso intelectualismo. Esta prática é muito observada nas universidades, como várias vezes já presenciei. Aliás, no meu próprio curso de Letras, ouço pessoas reclamando de obras que são obrigadas a lerem. Isto me preocupa muito. Principalmente porque as disciplinas de literatura têm diminuído com as reformas curriculares de várias universidades e faculdades. Todas estas mudanças refletem nos estudos sobre obras literárias no país. Os órgãos fomentadores de pesquisas fingem que não são importantes estes estudos. O motivo é bem simples: a leitura possibilita senso crítico bem apurado, boa interpretação de fatos políticos e de atitudes políticas, portanto, é totalmente compreensível este pensamento. O que importa é desenvolver tecnologia, pois investir nela não resulta em reclamação, já que desta forma surgirão empresas para poluírem o meio ambiente e afetarem nossa qualidade de vida. Os empregos surgirão e a população não reclamará. Qual o interesse dos políticos em investir em pessoas analfabetas? Nenhum, pois estas pessoas é que acreditam, é que se iludem e que votam em corruptos. Investir em literatura é mau negócio para a política praticada no país. Desta forma, não temos disciplinas específicas nas escolas públicas, o que reduz o ensino de língua portuguesa à gramática normativa, que é apenas um manual de consulta da língua. Acredito que a política brasileira é a grande responsável por esta problemática. É claro que os preços dos livros ainda são caros comparados com outras necessidades. Porém, existem editoras que publicam textos clássicos a preços acessíveis. A internet não é uma vilã como muitos consideram. Não a culpemos, por favor! O que falta é instrução da população para poder ler e aproveitar o que esta arte tem a oferecer, que é o que toda arte nos proporciona, que é a beleza. Não a que queremos ver, mas a que precisamos.


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Por Juliana Belo

6 comentários:

Lica de Oliveira disse...

APOIADO COMPANHEIRA!
Nem sei o que dizer...ela pegou tudo que eu queria falar!...
Brincadeiras à parte, a Juliana está certa.O caso da Literatura em nosso Brasil é sério, não só pelo pela forma com que essa ARTE é tratada, mas também pelo "desconforto" que ela causa.
Acredito que cabe a nós, blogueiras de plantão e futuras emancipadoras dessa arte, mudarmos essa realidade.Vai ser difícil, mas não é impossível!
Abraços!

Anônimo disse...

e não é? Tu mesma pode continuar a escrever cronicas e vamos ver o que vai dar, não? Talento nao falta, tenho certeza. Aguardo teus escritos, pequena

Anônimo disse...

"O primeiro talvez seja o mais complicado, pois coloca a literatura como entretenimento, o que não é. Arte á algo para ser apreciado, refletido e analisado."
(...)
Não podemos colocar a arte literária como diversão. Na verdade, nenhuma linguagem artística deve ser encarada desta forma, pois devido a este pensamento as pessoas não apreciam obras de arte, nem lêem determinados livros, pois consideram a narrativa enfadonha."

Gostaria de saber da senhorita autora o porquê do entretenimento estar desvinculado de uma postura reflexiva e analítica? E mais, uma obra com o objetivo de entreter não é capaz de produzir conhecimento?

Lica de Oliveira disse...

Realmente...
Aí Ju, explica pra nós!

Anônimo disse...

quando coloquei a questão do entretenimento é porque circula uma idéia de que adivinhações, trava língua e outras coisas são formas de literatura. Além do mais, as campanhas de incentivo à leitura só colocam isso nas suas propagandas. O entretenimento é interesante, isso é. Várias vezes me diverti muito com obras literárias e fiz análises. Mas quem faz isso? A maioria? Não. Muitos deixam de ler um livro porque não se divertiu, não achou legal. É isso que questiono, entende? As campanhas devem dar enfoque aos outros aspectos da arte literária. Se divertir é uma consequencia, não o principal a ser buscado, porque senão a obra de arte perde o valor estético e analítico. Respondi? Espero que sim. Aguardo mais comentários e respostas

Lica de Oliveira disse...

Assim,sim!=)