Hoje acordei e resolvi rasgar as cartas de amor nunca escritas. "Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas"*. Joguei fora o presente nunca embrulhado. Abri a caixa de Pandora e me restou somente a esperança, a última praga lançada à condição humana, esperar. Me limpei do suor nunca sentido, do cheiro nunca transpirado. Ai, o perfume inebriante adocicado. Senti ao sussurrar-te nos ouvidos o meu canto de paixão. Tirei o peso do teu corpo daquela dança nunca acabada. Tua mão me enlaçando me fez voar sem tirar os pés do chão. Naquele instante éramos os únicos ali. O maldito beijo não dado. Toquei de leve os teus lábios e senti jorrar pecado deles. Quando os mordi, voltei aos meus antepassados, pois Adão e Eva também erraram ao morderem um fruto proibido. Tentei acertar e errei. Ao errar, acertei. Sinto saudades daquilo que nem cheguei a sentir. O que senti não me traz saudades. Nos meus sonhos sempre estamos correndo e buscando algo. Nunca escolhemos as portas certas, nem as mesmas portas. Mas ontem, entramos no mesmo labirinto e lá nos perdemos. Quando vamos sair ou nos achar? Não sei. Mas sempre somos a seta que busca o alvo, a caça que foge do caçador, a estrada que sempre encontra curvas. Um dia esses caminhos irão se cruzar. Não por agora, é claro.
[dedicado a ELE, o moço e o muso. É sempre bom te encontrar]
Por Juliana Belo*Cartas de amor, de Álvaro de Campos
4 comentários:
Não tenho palavras pra descrever o que senti ao ler essa... obra prima.
Dessa vez tu te superou!
A-M-E-I!
;)
Eita!Não sei de nada! Vou ali ouvir uma música...
"Eu já ouvi 50 receitas
Prá te esquecer
Que só me lembram
Que nada vai resolver
Porque tudo
Tudo me traz você
E eu já não tenho
Prá onde correr..."
=D
Jujuba...
Lembrei também de uma quintanesca
DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
bjão, esposa! hehe
Aff tava logado na conta de minha irmã.
¬¬' Sou eu Gladson
Bjos JUJUBA!
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