Passada a turbulência do abandono, a tentativa de trilhar seu caminho foi uma necessidade. Na sua nova jornada, sensações descobertas. Um brilho que até então estava escondido a fez perceber que o passado ofuscante realmente havia passado. Nos seus encontros, a surpresa: novos corpos, novas danças e um desejo incontrolável de não pertencer a outro, mas a si mesma. Ao ser dona de si, a percepção de que poderia ter outros, beijá-los e devorá-los, pois sempre fora dominadora, altiva e decidida. O mais desejado e cobiçado era também o mais difícil. Ó deus ébano, tuas tranças laçaram-me no mundo da teimosia e do desejo. Ainda serás meu e teu corpo será meu instrumento de brincadeira! Outros vieram e tentaram ganhar seus beijos, seu carinho e até o seu amor, porém, a deusa da noite não queria a companhia de outros, já que a vida lhe ensinara outra coisa: o passado é sempre presente. Em meio às sensações novas, uma ainda é constante: o amor primeiro. Porque sim, foste o primeiro. Não fomos Romeu e Julieta, nem Heloise e Abelard, muito menos Tristão e Isolda. Somos Blimunda e Baltazar, pois me fizeste tua lua e me queimei na luz do teu sol. Elegeste-me tua Capitu e vesti-me como a noite para nosso amor celebrar. Dançaram ao som de Norah Jones e Diana Kral. Cantaram juras e gemidos que entravam pelo ouvido e eram traduzidas pela boca, a mesma que beijava, jurava e engolia toda a fonte de vida e de prazer... Somos aquilo que fazemos. Façamos então...
Por Juliana Belo
" Quero ir bem alto... Bem alto! Numa sensação de saborosa superioridade... É que do outro lado do muro, tem uma coisa que eu quero espiar.. "
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Clichê
Sentada, continuava a questionar-se sobre o que tinha ocorrido há dois dias atrás. Uma conversa cheia de sentimentos com a pessoa que ela jurava estar apaixonada. Foi confuso no começo, pois a criatura não queria revelar-se e depois descobrir que o esforço da verdade não valera de nada!... Contudo, surpresas acontecem.
Assim, de repente, ele começa a desvirtuar os rumos que aquela conversa tomara. Ela, atônita com o que acontecia, tentava não revelar verdades demais, “é muito arriscado!”, disse-lhe uma amiga. Mas ela seguiu o seu homem, o seu coração.
Ambos revelaram desejos, segredos guardados em baús do passado. Ela, contente por ver sua verdade compartilhada, começara a fazer planos, tecer sonhos. Pobre criatura! Ele, inebriado de todas as sensações das quais sofrem os apaixonados, revelou-lhe outros, que por agora, não poderiam se concretizar.
E pensava estar mais calma, ciente do que ocorrera há dois dias, no entanto aqueles calafrios ao vê-lo só aumentavam, ou pelo menos se estagnaram. Tal intensidade (e intenção) crescia, a ponto de não poderem mais. Entregaram-se.
Enquanto ele apagava a luz, mil coisas passavam por sua cabeça, e só uma pergunta restava: ”por que só agora?”... Ela, por sua vez, relembrava o que em diversas ocasiões ouvira de outros apaixonados: “tudo que é proibido...” e não sentiu necessidade de completar. A noite só estava começando.
Confessaram-se um ao outro como um dia fizeram Blimunda e Baltazar, Julieta e Romeu. O primeiro, verdadeiro; o seguinte, proibido. Ambos consumados. Mas o dela, o daquela noite, não. Menos por pudor do que por desejo.
Os calores foram os mesmos, os beijos ardentes foram os mesmos, o sentimento é que era maior. Ela acreditou ser àquela noite; ele acreditou que seria o primeiro e, no fim, era apenas o começo. Vestiram-se. Ao sair confirmou o que ele já sabia e que o desejo dos corpos abafara: “não quero ser a número 2”.
Quando já estava prestes a descer as escadas, deu um último olhar aquele que era seu passado, presente, porém não o futuro. Pelo menos por agora.
Lívia de Oliveira
Assim, de repente, ele começa a desvirtuar os rumos que aquela conversa tomara. Ela, atônita com o que acontecia, tentava não revelar verdades demais, “é muito arriscado!”, disse-lhe uma amiga. Mas ela seguiu o seu homem, o seu coração.
Ambos revelaram desejos, segredos guardados em baús do passado. Ela, contente por ver sua verdade compartilhada, começara a fazer planos, tecer sonhos. Pobre criatura! Ele, inebriado de todas as sensações das quais sofrem os apaixonados, revelou-lhe outros, que por agora, não poderiam se concretizar.
E pensava estar mais calma, ciente do que ocorrera há dois dias, no entanto aqueles calafrios ao vê-lo só aumentavam, ou pelo menos se estagnaram. Tal intensidade (e intenção) crescia, a ponto de não poderem mais. Entregaram-se.
Enquanto ele apagava a luz, mil coisas passavam por sua cabeça, e só uma pergunta restava: ”por que só agora?”... Ela, por sua vez, relembrava o que em diversas ocasiões ouvira de outros apaixonados: “tudo que é proibido...” e não sentiu necessidade de completar. A noite só estava começando.
Confessaram-se um ao outro como um dia fizeram Blimunda e Baltazar, Julieta e Romeu. O primeiro, verdadeiro; o seguinte, proibido. Ambos consumados. Mas o dela, o daquela noite, não. Menos por pudor do que por desejo.
Os calores foram os mesmos, os beijos ardentes foram os mesmos, o sentimento é que era maior. Ela acreditou ser àquela noite; ele acreditou que seria o primeiro e, no fim, era apenas o começo. Vestiram-se. Ao sair confirmou o que ele já sabia e que o desejo dos corpos abafara: “não quero ser a número 2”.
Quando já estava prestes a descer as escadas, deu um último olhar aquele que era seu passado, presente, porém não o futuro. Pelo menos por agora.
Lívia de Oliveira
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